domingo, 6 de dezembro de 2009

Jogo dos erros – descubra onde está o seu

Falar da educação brasileira não compreende “apenas” falar sobre a escola, os sistemas, as teorias e as práticas pedagógicas; compreende analisar um conjunto de fatores que incluem muito mais do que o que fora citado anteriormente.
Existe uma vida fora da escola, fora do ambiente escolar. Tudo o que compõe esse ambiente definitivamente extraclasse pode ser decisivo na construção do caráter do indivíduo. Seria clichê escrever acerca do papel da família dentro de todo esse contexto, não o farei, pelo menos assim, num clichê.
Como professor, estou diante do que seria (e será) o futuro do país, o que às vezes causa angústia, não pela responsabilidade que me cabe, mas por prever o fracasso a que o futuro está fadado. E de quem será a culpa? Quando não é da família, é da escola. Mas será?
As tecnologias sempre foram apontadas como uma ameaça à humanidade, pois seriam as substitutas da mão-de-obra humana; diziam até que os livros impressos estavam com seus dias contados. De fato, não foi o que aconteceu: as máquinas não operam sozinhas e o consumo de papel aumentou muito. Entretanto, o legado do avanço tecnológico é muito mais cruel do que se supunha, as pessoas não armazenam mais dados, apenas o computador o faz, com isso (e outros fatores, obviamente) as novas gerações parecem preguiçosas, usam a calculadora para fazer contas básicas, não sabem um telefone “de cabeça”, são reféns de seus celulares ou afins (não pelo uso comunicativo – fundamental, inegavelmente –, mas por suas vidas estarem depositadas ali).
Quando falo em contas básicas, não estou exagerando, outro dia pedi aos alunos durante minha aula de literatura que eles mesmos dessem suas notas num teste, a partir da complicadíssima conta: n° de acertos X 0,5. Então, os celulares nasciam como um exército a destruir um inimigo feroz. Tentei evitar o massacre, proibindo o uso de calculadora, mas meus jovens espiões me ludibriaram e, após incessante combate, venceram as poderosas multiplicações que se lhes apresentaram.
Culpados somos todos, escola, família, governos, sociedade, os próprios alunos. Ninguém nasce burro, mas fica burro. As pessoas parecem escolher emburrecer, quando tornam certo o errado e errado, o certo; quando se deixam levar pala fé cega nas coisas dos homens; ou se acomodam por pensar que são vítimas de um sistema.
Talvez seja um pouco exagerado de minha parte falar num emburrecimento do mundo, mas não exagero se falo no “empreguiçamento”. Vale lembrar que a preguiça é um dos sete pecados capitais e, no caso da educação e do futuro de nosso país, pode ser – se é que já não está sendo – o caminho da perdição, de um mundo boçal.
Num mundo de medíocres (aqui na conotação atual, com valor negativo e não de algo mediano), ser razoável já significa posição de destaque; ser esforçado já corresponde certamente a boas oportunidades; ser bom pressupõe sucesso garantido; ser ótimo, então, é um bom caminho para o sonho de Pink e Cérebro: conquistar o mundo!
Comece na escola: esteja entre os melhores de suas sala, seja esforçado para compensar possíveis deficiências, seja razoável para tomar decisões importantes.
Preguiçoso: seja em casa! É bom também!